Wednesday, April 29, 2009

Design, forma e matéria

Sumário do texto A Forma das Coisas, Uma Filosofia sobre o Design de Vilém flusser Tradução livre por Débora F. Figueiredo Bergamasco
Aluna: Lilian Dazzi Braga

Sobre a palavra Design
Para Flusser o design é objeto de análise etimológica, não começa com a ciência, nem com a apreciação de objetos fabricados ou a visão dos criadores, mas com o significado das palavras. A palavra Design em inglês é tanto um verbo (simular, desenhar, etc) como um substantivo (intenção, plano, estrutra básica).
A palavra design, máquina, tecnologia , arte, estão diretamente relacionadas e todas derivam da mesma visão de mundo. Um design está associado à esperteza e ao engano. O grego “mechos”, de máquina, significa “engano”, feito para enganar, “armadilha”. Uma máquina é uma ferramenta desenhada para enganar, a mecânica é o truque para trapacear corpos pesados.
A idéia é de que a madeira é um material sem forma ao qual o artista, o “técnico”, dá forma. Portanto causa a forma aparecer em primeiro lugar. Para Platão, a arte e a tecnologia traem e distorcem formas teoricamente intangíveis (idéias) quando transferem estas ao mundo material. Para ele, artistas e técnicos, eram traidores das idéias e trapaceiros porque espertamente seduzem pessoas a perceberem idéias distorcidas.
A cultura burguesa moderna fez uma divisão entre o mundo das artes e o da tecnologia. A cultura foi dividida em uma científica, quantitativa, “hard” e outra estética, evolutiva, “soft”. O design indica onde a arte e tecnologia se juntam como iguais, fazendo uma nova forma de cultura possível.
Entretanto, essa nova forma de cultura é enganosa. O design da alavanca copia o braço humano, é um braço artificial. Essa máquina, este design, esta arte, esta tecnologia, é feita para enganar a gravidade. Este é o design base de todas as culturas: enganar a natureza por meio de tecnologia, substituir o natural pelo artificial. O design por trás de todas as culturas tem que ser “enganador” suficiente para tornar meros mamíferos condicionados pela natureza em artistas. Ser um ser humano é um design contra a natureza.
A questão do design substitui a da idéia. Como um exemplo temos as canetas de pástico, são designes que não notasmos, e são dadas como brindes, não tem valor. As grandes idéias por tras delas são tratadas da mesma maneira que o material (plástico) e trabalho por trás delas.

Forma e Material
A palavra material, tradução do termo grego hylé, é o resultado da busca de uma palavra que expressase o oposto da palavra forma(morphe em grego). Portanto hylé é algo amorfo. O mundo material é aquele preenchido com formas, dando um enchimento. Como exemplo temos uma mesa, eu vejo madeira em forma de mesa, seu estado é transitório (será queimada e decomposta na forma amorfa de cinza). A forma da mesa é eterna, uma vez que eu posso imagina-la a qualquer tempo em qualquer lugar. A forma da mesa é real, e o conteúdo é apenas aparente. Os carpinteiros enformam a madeira (impõem a forma de mesa) e também deformam a idéia de mesa (distorcem ela na madeira).
Se a forma é o oposto da matéria, então não existe design que possa ser chamado de material. É sempre “enformar”, colocar em uma forma. A forma é o “como” da matéria e “matéria é o “que” da forma, o design é um dos métodos de dar forma à matéria. Uma vez o material enformado começa a aparecer (se torna fenômeno). Portanto material é design, é a forma como a forma aparece.
A questão atual é a de realizar as formas designadas para produzir mundos alternativos, para a “era da informação”. Não é mais uma questão de formalizar um mundo conhecido e garantido, como no passado. Isso significa a cultura “imaterial, mas deveria ser chamada de materialização da cultura, a visibilidade das formas e idéias.
O ponto central é o conceito de enformar. Impor formas aos materiais. O que quer que “material” possa significar, não significa o oposto de “imaterial” ou melhor, a a forma, é que faz o material aparecer. A aparência do material é a forma.

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