Sunday, May 31, 2009

Novo cronograma ...

01/Junho
Barroco ainda e 19. Preparação para disciplina estética. Visualidade x drama: Willian Sheakeaspeare. A invenção da liberdade: David Hume (a teoria do gosto). Aesthetica (Baumgarten)

03 de junho
18. Transformações no conceito de espaço: extensão-divisibilidade. Boullé, Ledoux, Durand. 20. O criticismo. A crítica da faculdade de julgar Emanuel Kant / Hegel

08/Junho
21. O romantismo: a visão de mundo e a função da arte. Processos em arte, categorias estéticas: belo, sublime, grotesco, pinturesco em arte e em arquitetura.

08 e 10/Junho22. Hegel. O nascimento da história da arte e o sistema das artes. Nietzsche, a oposição a Hegel.


15 de junho23. O projeto moderno: modernidade, modernismo, movimentos modernos, funcionalismo.

17 de junho24. As teorias artísticas em arte e arquitetura: a empatia (einfühlung), a formalidade. A crítica do formalismo: Iconologia e tipologia. A filosofia das formas simbólicas.

22 e 24/Junho 29/Junho25. O momento pós-critico: Peter Einseman critica aos fundamentos da arquitetura moderna. 26. A nova agenda da arquitetura: fenomenologia, pós-estruturalismo

01 e 06/Julho 28. O design, o projetista: seus modos de ver e pensar – Flusser e Lawson

08/Julho 29. As relações entre espaços, a deriva contínua do mundo humano

IMITAÇÃO DA NATUREZA

Com base em: HAAR, Michel. A obra de arte. Ensaio sobre a Ontologia das obras. Rio de Janeiro: Difel, 2000
Por Fernada Ferri
Tópico do programa: Conceitos de beleza e arte. Platão e Aristóteles.

IMITAÇÃO DA NATUREZA
1. A depreciação platônica da arte
Segundo Platão, a imagem produzida por um artista é duplamente inadequada.
Comparando uma cama feita por um marceneiro e uma cama pintada por um pintor, ele fundamenta-se no postulado realista que julga que uma cama da qual possamos servir-nos seja superior a uma cama que se pode apenas olhar, e sempre pelo mesmo ângulo. Por isso ela é dita como inadequada ao ente (a coisa representada), e ao ser (a idéia).
A teoria do espelho deprecia a imagem artística comparando-a a um reflexo no espelho, uma ilusão sem substância, e o artista é comparado a um charlatão desprovido de ofício, sendo que a imagem produzida por ele qualquer um pode produzir sem qualquer dificuldade.
È estabelecida uma hierarquia das três camas: a primeira é o protótipo, estabelecido pelo próprio Deus, a única que é realmente existente “por natureza”; a segunda é a que é fabricada pelo marceneiro; a terceira, a que é pintada pelo pintor. Aqui o termo “natureza” significa a essência, aquilo que se mostra por si mesmo em oposição ao que é produzido por meio de outra coisa.
A partir desta hierarquia Platão distingue três tipos de “produtores”:
1. o deus: Aquele que toma a seu cargo a apresentação do puro aspecto das coisas;
2. o artesão: Aquele que reproduz o objeto a ser usado correspondendo verdadeiramente à sua idéia;
3. o pintor: “Operário da imagem”. Propõe-se não a representar o objeto tal qual ele é, mas sim tal qual aparenta.
E assim como não se pode aprender com um pintor a maneira de se fazer uma cama, não se pode aprender com um poeta que canta sobre a cura a maneira de curar, pois a imitação artística e poética não se baseia em conhecimento algum. Segundo Platão ambos são ignorantes, e a arte é algo inútil, que não ensina nada pois não se fundamenta em nenhum conhecimento verdadeiro.

2. Apologia da arte egípcia
A arte grega do século V não respeita proporções, alterando-as em busca da verossimilhança do objeto representado em relação ao ponto de vista do espectador. Assim, para que, vistas de baixo, a parte superior de uma estátua colocada no alto não pareçam menores, elas são aumentadas em relação às inferiores, passando para o espectador uma aparência, e não a verdade intrínseca do objeto representado.
A arte egípcia, ao contrário, não visa agradar o ponto de vista do observador. O artista egípcio não procura expressar o natural, nem a perspectiva, e nem busca dar aparência de vida e movimento, que os gregos chamam de skiagraphia, o “desenho da sombra”, que Platão relaciona com a intenção de enganar dando substância a algo que não tem. O artista egípcio negligencia esta percepção que faz parecer o objeto representado sempre do mesmo ponto de vista. Ele respeita a essência do modelo e o reproduz tal qual é em si mesmo, sem se preocupar com o aspecto que irá parecer. Uma arte que não procura enganar.
Em O sofista, Platão contrapõe essas duas artes distinguindo duas formas de “arte imitativa”:
1. A ”arte da cópia”: Trata-se de uma arte que produz uma imagem semelhante, comparável ao modelo, reproduzindo a proporções, e dando a cada parte as cores apropriadas. A arte egípcia;
2. A “arte do simulacro”: Trata-se de uma arte que não se preocupa em reproduzir as verdadeiras proporções, mas sim as que aparentam belas aos olhos do observador. A arte grega.
Platão luta contra essa tendência da “arte do simulacro”, cada vez mais relativista e ao mesmo tempo naturalista.

3. Aristóteles: a legitimação da mimèsis
Aristóteles também afirma que a arte seja imitação, mas coloca a imitação como algo “natural”, verdadeiro, não sendo ignorância ou ilusão, mas sim uma atividade conforme a “natureza”.
Para ele, a célebre fórmula da Physique, “A arte imita a natureza”, não significa que a arte deva reproduzir a natureza, mas sim que a arte tem essa capacidade, além de ter a capacidade de produzir, rivalizando com a natureza.
Ele propõe três maneiras fundamentais de imitar: a representação do que as coisas são; a representação do que as coisas parecem ser, o verossímil; e a representação do que as coisas deveriam ser, o ideal.
Aristóteles é o primeiro filósofo a analisar a natureza do prazer estético, concluindo que o prazer estético legítimo deve-se ao fato de que a obra de arte nos faz raciocinar ao compararmos o retrato ao seu modelo, nos encantando encontrar esta relação mimética entre arte e natureza. Contrariamente a Platão a arte não é ignorância, e sim ampliação do conhecimento.
Mesmo com essa legitimação da arte, que precede inúmeras outras, a condenação platônica ressurgirá inúmeras vezes, e um exemplo claro é através da censura. A discussão nos dias atuais, embora hoje a censura teatral tenha deixado de existir, persiste a censura cinematográfica com o pretexto de defender a juventude do vício, indecência e crime.

Saturday, May 23, 2009

Figuras de espaço e de tempo – Cap. 11

Segundo Levy, a Terra constitui a memória dos homens. Em suas paisagens mapeia as epopéias e guarda todas as sabedorias. Pois o espaço vive e cada canto do mundo contém uma história. Onde as trilhas não são refeitas, perde-se a referência da memória e tudo morre. Quando refeitas, a origem se faz presente. Tudo revive, pois jamais passou. Aqui o espaço é percorrido por forças, pontuados de lugares altos, intensidades, centros, livres de áreas proibidas. Trata-se do espaço-memória, um espaço-narração, a encarnação de uma subjetividade coletiva dentro do cosmo.

 “(...) Os sites notáveis da Terra nômade são ossuários, restos de gigantomaquias (...)” [p.149]

 A invenção (a novidade) é uma reminiscência. Com o retorno cósmico, o devir sobre a terra alimenta a eternidade. Ao tempo Terra, chamamos imemorial. Todo espaço habitado, por peregrinos, viajantes, aventureiros e poetas reconstitui a Terra. O tempo é transportado com a Terra. Ela está sempre presente e é sempre o presente.

 Imemorial (figuras de tempo)

 “A inteligência produz recortes que introduzem em re

giões de parada no devir, correspondendo a contrações do passado mais ou menos fluida. Quanto mais fluídas, mais próximas estarão de uma dimensão virtual, da memória imemorial. Somente através da memória se pode atingir o passado, e este, não existindo como um antigo presente, só se torna possível enquanto produção no presente, resgatado pelo imemorial. Assim, é somente a partir de hoje que se pode falar sobre o passado, e é implicado no presente e comprometido com o futuro que se faz valer o passado — um passado sempre a se refazer no presente.” [Rauter, 1998].

 

Território: a clausura, a inscrição, a história (3.000 a.C).

 


Espaço: Clausuras (fundações)

 

Clausura:

  1. Vida de claustro.
  2. Estado de quem não sai de casa, e vive nela com retraimento.
  3. Fig. Claustro, convento.

 

Liames:

  1. Tirar a rudeza; civilizar.
  2. Polir; aperfeiçoar

 

Tempo: História; Tempo “lento” diferido, engendrado pelas operações espaciais de clausura e fundação.

 

 A fundação é o ato que cria o Território. Cada vez que se funda, no sentido do gênio ou da arquitetura e no sentido de instauração, estende-se o império do Território.

 Fundação é o início da criação do espaço e inaugura o tempo. Lembrando que o lugar é existente, mas o espaço territorial passa a ser contado através do espaço-tempo, sustentado pela continua fundação e refundação.

“O camponês cerca, ara, carpe, e planta o campo. O rei cava os fossos, ergue muros em torno da cidade, e edifica no centro seu palácio. O padre delimita o espaço sagrado, núcleo secreto do templo, para nele alojar um ídolo, um altar ou a ausência.” (vazio constitui um espaço). “O escriba prepara a tábua de argila, o papiro (...) inscreve (...) o texto (...) cercado por suas margens.” [p.150]

“Os cercados abrigam (...); as fronteiras impedem (...); o Estado prende (...); canais e estradas canalizam os fluxos. Alfândegas, guichês, portas restabelecem continuamente o dentro e o fora. Entre os escribas, os exames e concursos erguem barreiras em torno do saber.” [p.151]

Seguindo...

Todas as fortificações são proteções contra a aniquilação e o esquecimento, esforços para durar, permanecer, não passar. Já a agricultura instaura os jogos e os riscos da duração, do atraso, do estoque. Surgindo celeiros, silos, depósitos, adegas, tesouros enterrados, previsão para os anos de escassez, e aposta no futuro.

 Estoque do sentido, a página grifada, semeada de signos invoca a leitura, a interpretação, o comentário. As falas se evaporam, restam as escritas.

 Restare: Deter-se, que provém de stare, manter-se de pé, plantado, fundado.

 Levy afirma que só existe o antes e o depois porque existe o dentro e o fora. O Território produz o tempo linear da história, a qual não corre mais rápida do que o imemorial, é outra velocidade, outra qualidade de tempo: a lentidão do Território.

 

 

Mercadoria: circuitos, tempo real (1750).

Espaço: Redes; Circuitos Urbanos.

 Tempo: Tempo real; Tempo abstrato e uniforme dos relógios.

“Desterritorializados, homens, coisas, técnicas, capitais, signos e saberes renovam-se e giram continuamente nos circuitos da mercadoria. As estratégias comerciais não mais erguem proteções: instalam redes, organizam circuitos. Redes de comunicação, de transporte, de distribuição e de produção entrelaçando-se (...), tecendo um espaço de circulação.” [p.151]


CAPÍTULO 10 – SEMIÓTICAS

LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 2007.

ALUNOS: Letícia Colnago e Renan Grisoni

 

RESUMO - CAPÍTULO 10 – SEMIÓTICAS

Cada espaço antropológico desenvolve um regime de signos, uma semiótica específica.

A semiótica da Terra, ou a presença

Na Terra, o signo participa do ser, e o ser do signo. Aqui, tudo nos fala. Animais e pessoas, astros e climas, formas e detalhes nos fazem sinal, remetem a relatos, discursos, rituais. Simetricamente, o signo é um atributo, uma parte ativa da coisa, do ser ou da situação que ele qualifica. Graças ao sopro que o leva, o signo não se separa jamais de uma presença. As falas são atos, exercem poderes, destroem e criam. Atos divinos ou rituais humanos são gestos e cantos que sustentam o mundo. Tal é o regime semiótico dos “primitivos”, dos animistas, das culturas anteriores à escrita, das crianças muito pequenas.

 

A semiótica do Território, ou o corte

No Território, a fala é destacada do sopro vivo e fixada em um suporte inerte, é sedentarizada pela escrita.  As coisas às quais remetem esses signos talvez estejam muito longe, ou tenham passado há muito tempo. Os signos representam as coisas: tornam presentes as coisas ausentes. O vínculo cambiante, vivo, atual entre os seres, os signos e as coisas é diferido. As separações e as fronteiras que quadriculam o Território insinuam-se no centro das relações de significação: o corte semiótico está instituído. Entre os signos e as coisas interpõe-se de agora em diante o Estado, a hierarquia e seus escribas. Doravante, o signo representa. O signo é arbitrário. É transcendente. O signo está presente, mas sem possuir, é claro, a dignidade ontológica e a imanência da coisa terrestre. É um ser menor.

 

A semiótica da Mercadoria, ou a ilusão

No espaço das mercadorias, já não é apenas a fala que está separada de uma situação viva. Quadros e rostos, paisagens e músicas, ritos e espetáculos, todos os tipos de acontecimentos são indefinidamente reproduzidos e difundidos fora de seu contexto de surgimento. Multiplicado pela mídia, levado por mil vias e canais, o signo é desterritorializado. No Espaço das mercadorias, os fluxos de signos correm desenfreados. O corte funcionou tão bem que a transcendência não vincula mais. Na semiótica mercantil, o signo já não representa, ele traça. Já não é um representante com o crédito de uma transcendência, mas um vírus, trabalhando para se reproduzir, competindo em velocidade com outros vírus para ocupar o espaço midiático. É isso o espetáculo: todo o real é passado para o lado do signo. Os fatos, as pessoas, as obras são signos e são tratados, reproduzidos, difundidos como tais.

 

O Espaço do saber, ou a produtividade semiótica

A semiótica do Espaço do saber define-se pelo retorno do ser, da existência real e viva, na esfera da significação. No Espaço do saber, os intelectuais coletivos reconstituem um plano de imanência da significação no qual os seres, os signos e as coisas voltam a encontrar uma relação dinâmica de participação recíproca, escapando às separações do Território, assim como aos circuitos espetaculares da Mercadoria. O retorno do real na esfera da significação supõe o envolvimento dos sujeitos vivos; mas sugere também que o espaço dos signos torna-se sensível, semelhante a um espaço físico (ou a vários!): que possamos entrar nele, observar a nós próprios, encontrar os outros, explorá-lo, apalpá-lo, modificá-lo. De um espaço a outro, tornar real, dar vida é conduzir ao dia claro do sentido, manifestar por meio de signos. Entre os seres humanos, o que não foi cantado não existe.  

Monday, May 18, 2009

O QUE É UM ESPAÇO ANTROPOLÓGICO?

O QUE É UM ESPAÇO ANTROPOLÓGICO?
In. A Inteligência Coletiva LÉVY. Pierre. A Inteligência Coletiva. São Paulo Loyola, 2003.
Multiplicidade dos espaços de significação
Há diferentes espaços gerados pela interação entre as pessoas, as situações, as trocas de mensagens e representações, que denominam-se espaços plásticos. O homem vive constantemente produzindo, transformando e administrando os espaços que se criam e entrelaçam.
Os espaços são estruturados pelas pessoas, pelas palavras, imagens e conceitos, de acordo com a intensidade afetiva que os ligam. Assim, os espaços podem se curvar e deformar em torno dos objetos que os contêm e organizam, podendo ser mais duráveis ou passageiros.
Espaços maiores existem, por exemplo, na escala das instituições, grupos sociais, conjuntos culturais, etc, e que envolve elementos não humanos como sistemas de signos, armas, vírus, etc.
A importância de um acontecimento é reconhecida por sua capacidade de reorganizar as proximidades e as distâncias nos espaços, “quando não seu poder de instaurar novos espaços-tempos, novos sistemas de proximidades”.
Além do espaço físico ou geométrico existe também os espaços de significação, que compreende espaços afetivos, estéticos, sociais, históricos, entre outros.
“Vivemos em milhares de espaços diferentes, cada uma com seu sistema de proximidade particular (temporal, afetiva, lingüística etc.), de modo que uma entidade qualquer pode estar próxima de nos em um espaço e bem distante em outro.”(...)
“Dessa forma, passamos nosso tempo a modificar e a administrar os espaços em que vivemos, a conectá-los, a separá-los, a articulá-los, a endurecê-los, a neles introduzir novos objetos, a deslocar as intensidades que os estruturam, a saltar de um espaço a outro.”
Os espaços antropológicos são estruturantes, vivos, autônomos, irreversíveis
Os espaços antropológicos são constituídos de uma multiplicidade de espaços interdependentes. Os quatro espaços antropológicos (Terra, Território, Espaço das mercadorias e Espaço do Saber) são estruturantes e contém vários espaços diferentes. Eles são produzidos pelos processos e interações que neles acontecem.
O Espaço do saber não deve ser confundido com um recipiente que contém todos os saberes possíveis. O espaço do saber produz uma forma específica de saber, reorganiza, hierarquiza e insere em seu meio ativo os modos de conhecimento resultantes dos outros espaços antropológicos.
Da mesma forma que o Espaço das mercadorias não é a “economia”, mas supera o domínio da produção e das trocas econômicas para englobar quase todos os aspectos da vida humana. Assim o Espaço das mercadorias cresceu e se desenvolveu de maneira autônoma, auto-organizada, criadora e destruidora.
Os espaços antropológicos ganharam consistência, autonomizaram-se até se tornarem irreversíveis. A irreversibilidade é a qualificação dos espaços antropológicos.
Cada espaço antropológico produz sua própria estrutura com a devida autonomia. Apesar de parecerem se sobrepor, eles se permeiam e coexistem, uma vez que não devem ser entendidos como meio físico ou objeto, mas sim algo mais abstrato, tangendo o limiar da emoção e relação entre tudo aquilo que existiu, existe e existirá. Nesse sentido, podem ser entendidos como “planos de existência” com velocidades de processamento diferentes e que se renovam dinamicamente.
Estes espaços podem ser classificados em quatro esferas: a Terra, que é a freqüência básica, pré-existente e possui uma velocidade acima da compreensão da vida animal, ou seja, intangível; o Território, que passa a ser a inserção do indivíduo na Terra, e o estabelecimento de uma velocidade perceptível e de uma forma de organização da relação espaço-indivíduo, indivíduo-indivíduo, e espaço-espaço; o Espaço das mercadorias, baseado na aceleração, inserida pelo capitalismo; e, ao final, o Espaço do saber, constituído pelas redes digitais, universos virtuais e vida artificial, uma vez que não se constitui do ‘conhecimento’, mas da troca de informações dentro de uma ‘inexistência física’ ou ‘surreal’.
O autor pontua que “não havia necessidade alguma no surgimento dos espaços antropológicos”, negando assim, de certa forma, o processo de evolução que estabeleceu a contemporaneidade. A exemplo, cita as antigas civilizações, grega, egípcia, mesopotâmica, romana e chinesa, como grandes impérios que poderiam apenas ter continuado a sucessão do que já havia se estabelecido no Espaço do Território, ou seja, na esfera organizacional entre indivíduos e espaço físico. Dessa forma, condena o desencadeamento do capitalismo por volta do século XVI como forma de aniquilamento da memória, cultura e linguagem através da aceleração do processo histórico e unificação das tão diferenciadas sociedades em prol da economia.
A cartografia antropológica pode ser entendida não a partir da classificação e isolamento, mas sim pela processo ‘quase cronológico’, ou melhor, uma espécie de processo temporal vista sob o foco atemporal, em que estão aplicadas as relações, situações e emoções de tudo presente no cosmos, sob a forma de um desenvolvimento natural desordenado (não linear).
Ao final, o autor destaca que sob quaisquer circunstâncias as quatro esferas do espaço antropológico, a Terra, o Território, o Capital, e o Espaço do saber coexistem em toda parte, diferentemente, descoordenadamente e sob a inegável necessidade atual de existirem.


Autores: Bárbara Lyrio Fernandes Frazão, Bárbara de Araújo Torres e Renata Collodetti