Monday, December 16, 2013

Experiência/ Vivência Houaiss

Experiência
etmologia: lat. experientìa,ae 'prova, ensaio, tentativa'
ato ou efeito de experimentar(-se)
1 experimentação, experimento (método científico)
2 Rubrica: filosofia. qualquer conhecimento obtido por meio dos sentidos
3 forma de conhecimento abrangente, não organizado, ou de sabedoria, adquirida de maneira espontânea durante a vida; prática
4 forma de conhecimento específico, ou de perícia, que, adquirida por meio de aprendizado sistemático, se aprimora com o correr do tempo; prática
5 tentativa, ensaio, prova

Vivência
etimologia: lat. viventìa, ac. neutro pl. de vivens,éntis, part.pres. de vivère 'viver, estar em vida'
1 o fato de ter vida; o processo de viver
2 manifestação ou sensação de vida
3 coisa que se experimentou vivendo, vivenciando
4 conhecimento adquirido no processo de viver ou vivenciar uma situação ou de realizar alguma coisa; experiência, prática.
5 Derivação: por metonímia. aquilo que se viveu

Saturday, September 07, 2013

Monday, July 08, 2013

This is a re-working of Paul Gavarni's Le Flâneur from 1842 by spenot Livrariat Travessa site

flanerie

http://elzucc.blogspot.com.br/2012/09/vla-vale-larchitetto-n3-flanerie.html




flâneur

The Flaneur Abroad ( Nottingham, 6-7 Jul 12)

Saturday, May 25, 2013

“Como viver junto”

O tema da 27ª. Bienal de São Paulo foi – “Como viver junto” - promovei uma série de Seminários Internacionais -Arquitetura - Reconstrução - Vida Coletiva - Trocas - Acre 
ver link: http://www.forumpermanente.org/event_pres/simp_sem/semin-bienal


Este tema tem afinidades com dois pontos do programa da discplina neste semestre (2013/01).

No tema arquitetura, o curador da 27ª. Bienal de São Paulo Adriano Pedrosa faz a apresentação

"Talvez mais do que qualquer um dos campos vizinhos da arte, a arquitetura tem desenvolvido uma relação com as artes visuais que proporciona ricas e variadas produções desde os anos 1960. Pode-se pensar em instalações e obras escultóricas que estabelecem uma relação formal com a galeria ou o espaço de exposição em que são expostas, bem como em intervenções em edifícios e no panorama urbano.

"A arte contemporânea que se relaciona à arquitetura assume vários formatos, gêneros e suportes: de críticas do modernismo a exploração de histórias e narrativas de edifícios, arquitetura e da cidade; de plantas e maquetes a vídeos, filmes, projeções de slides e fotografias (de interiores ou exteriores, vazias ou povoadas, reais ou imaginárias) e instalações site specific; de obras mais representacionais a outras mais propositivas.

"Este seminário reunirá artistas, críticos, curadores e historiadores que apresentarão e discutirão produções e pesquisas específicas, de cunho teórico, histórico ou artístico, crítico ou criativo, sobre a obra de artistas fundamentais no campo da arquitetura e da arte, como Gordon Matta-Clark e Dan Graham (dois artistas cujos trabalhos estarão presentes na 27ª Bienal), e apresentarão a produção de artistas mais recentes, como Marjetica Potrc (em residência no Acre, no contexto da 27ª Bienal) e Ana Maria Tavares.




Gordon Matta-Clark

"Mas lembremos o “Como viver junto”, de Roland Barthes, e como a arquitetura e o urbanismo são de fato ferramentas para oferecer meios e equipamentos físicos para a vida coletiva—a família, os diferentes grupos em sociedade, a comunidade. Esses meios e equipamentos nem sempre são harmoniosos ou estão livres de refletir ou incorporar pontos de tensão, estresse e conflito. Não devemos nos esquecer, portanto, da “relação emergente entre conflitos armados e o ambiente construído” ou da perversa arquitetura dos enclaves residenciais paulistanos que refletem tão agudamente as profundas disparidades sociais e econômicas na mais rica cidade latino-americana. Arquitetura é política."  


O título da bienal remate ao livro de Roland Barthes "Como Viver junto" publicado pela WMF Martins Fontes (2a. edição, 201).


Sunday, January 27, 2013

Liberdade para Sartre



Liberdade, no entender de Sartre: estamos "condenados à liberdade"; não há limite para nossa liberdade, exceto o de que "não somos livres para deixarmos de sermos livres." Porque não há nenhum Deus e portanto não há qualquer plano divino que determine o que deve acontecer, não há nenhum determinismo. O homem é livre. Nada o força a fazer o que faz. "Nós estamos sozinhos, sem desculpas." O homem não pode desculpar sua ação dizendo que está forçado por circunstâncias ou movido pela paixão ou determinado de alguma maneira a fazer o que faz.” (Cobra)

"Falamos na nossa própria língua e escrevemos numa língua estrangeira.” [Jean-Paul Sartre ]
"O dinheiro não tem ideias." [ Jean-Paul Sartre ]
"És livre, escolhe, ou seja: inventa." [ Jean-Paul Sartre ]
"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão." [ Jean-Paul Sartre ]
"O homem tem de poder escolher a vida em todas as circunstâncias." [Jean-Paul Sartre ]
"O homem tem de se inventar todos os dias." [Jean-Paul Sartre]
"Cada homem deve inventar o seu caminho." [ Jean-Paul Sartre ]
"Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem." [Jean-Paul Sartre]
"A imaginação é como um braço extra, com o qual você pode agarrar coisas que de outra forma não estariam ao seu alcance." [Jean-Paul Sartre]

Referência
COBRA, Rubem. Jean-Paul Sartre. Vida, época, filosofia e obras de Jean Paul Sartre – II. In http://www.cobra.pages.nom.br/fcp-sartre-II.html

Imaginação para Sartre



“A elucidação do significado da imaginação se faz através do questionamento de como se produz imagem. Sartre, após uma rigorosa crítica à visão clássica1 da concepção de imagem, entende que essa produção deve ser iniciada numa mudança básica de concepção: a imagem não é uma coisa, não é exterioridade, muito pelo contrário, ela é consciência, é ato intencional da consciência.” (Francimar Duarte Arruda).
Um trabalho sobre a imagem deve se constituir como uma eidética da imagem, isto é, fixar e descrever a essência dessa estrutura psicológica tal como aparece à intuição reflexiva (Sartre, 1978, p.99).
“(...) A própria concepção de intencionalidade está destinada a renovar a noção de imagem, isto porque sendo ato da consciência ela vai pertencer ao conjunto de elementos reais da síntese consciência, que ele chama noese, e o seu correlativo que é o sentido que habita essa consciência que é o noema. Mas esse sentido noemático que pertence a cada consciência real, não é em si mesmo nada de real. O que existe é a possibilidade de se dirigir o olhar para um objeto, mas o que encontra o olhar nessa última direção, é na verdade um objeto no sentido lógico, mas um objeto que não poderia existir por si. Assim o noema é um nada que só tem uma existência ideal para a consciência, é um irreal. Para Sartre, então, tudo se explica pela intencionalidade, isto é, pelo ato noético.” (Arruda)
“Portanto, não há diferença de natureza qualitativa entre o objeto da percepção e o objeto da imaginação como tal, mas sim ambos são noemas de uma consciência noética plena. A imagem então é um certo tipo de consciência. A imagem é consciência de alguma coisa.”
“Resta fazer a descrição fenomenológica da estrutura dessa imagem, isto é, como ela se dá. Ou seja, o método fenomenológico visa, através dessa descrição do imaginário, a compreender o imaginário nele mesmo. O intuito de Sartre é determinar o que é a imagem como imagem, a imagem nela mesma. Temos que distinguir o que é o objeto que aparece, no exemplo do texto de Sartre — Pedro que eu imagino — daquilo que seria a imagem nela mesma; que não se confunde com o Pedro que eu estou imaginando. Qual o seu conteúdo, qual a sua essência: que será alcançada pela descrição da imagem”. (Arruda) (...)
“ (...) Não é no mundo do imaginário que se dá a liberdade. Ela se dá na dinâmica da ação e pressupõe o deslocamento do objeto irreal para o plano da ação possível. A imaginação é o poder, é o meio pelo qual a ação se efetuará. O futuro da ação é o reino da liberdade para Sartre, quer dizer, é no reino do poder-vir-a-ser que a liberdade se coloca como ação possível, e não no reino do imaginário que é não-ser; este não-ser é que o torna condição de possibilidade de vir-a-ser. Existe, então, toda uma questão dinâmica embutida na dimensão do imaginário que o pensamento contemporâneo deve recuperar, para que possamos entender e articular melhor o período de crise pela qual nós estamos passando e, sobretudo, termos condições de nos instrumentalizar em face ao problema específico da educação.” (Arruda)
Jean Paul Sartre era um existencialista e o cerne do existencialismo é a liberdade, assim, cada indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Embora, Sartre baseie-se em pensamento alemão Husserl, sua “ética” é francesa (1789) ele valoriza o compromisso.
Deste modo, importa o interesse pela política: Segundo Sartre, “somos responsáveis por nós mesmos e por aquilo que nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos é nossa obra. Como o pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência individual, na qual a angústia tem um papel preponderante”.
Inspirado pela fenomenologia de Husserl, “para Sartre a imaginação, faculdade criativa do pensamento pela qual este produz representações (imagens) esta representações mentais que retrata um objeto externo percebido pelos sentidos, de objetos inexistentes, não tendo, portanto, função cognitiva”.
“Sartre considera o imaginário ou o “ato de imaginar” como a capacidade que tem a consciência de notificar o real, de desligar-se da plenitude do dado ...” (Silva).

Referências
ARRUDA, Francimar Duarte Questão do Imaginário: a contribuição de Sartre UFF
SILVA, Delzy Imaginação: Uma Maneira Reflexiva da Natureza Humana. TCC da Faculdade do Médio Parnaíba – FAMEP, Caxias – MA.

Consciência imaginativa


In. Chauí, Convite à filosofia
A imaginação é a capacidade da consciência para fazer surgir os objetos imaginários ou objetos-em-imagem.
Pela imaginação, relacionamo-nos com o ausente e com o inexistente. A percepção observa as coisas, as pessoas, as situações. Observar é jamais ter uma coisa, pessoa ou situação de uma só vez e por inteiro. A percepção observa porque alcança as coisas, as pessoas, as situações por perfis, perspectivas, faces diferentes que vão sendo articuladas umas às outras, num processo sem fim, podendo sempre enriquecer nosso conhecimento, perceber aspectos novos, ir “completando” o percebido com novos dados ou aspectos. Com a imaginação, ao contrário, cada imagem põe o objeto por inteiro.
Uma imagem, diz Sartre, é inobservável.
A imagem é diferente do percebido porque ela é um análogo do ausente, sua presentificação. Em outras palavras, percebemos e imaginamos ao mesmo tempo, embora perceber e imaginar sejam diferentes In Chauí, Convite à filosofia.


Saturday, January 26, 2013

Dom Quixote de Portinari


A imaginação à cavalo e o bom senso...


A imaginação/ loucura vai a cavalo e a prudência/ bom senso vai de mula

"A liberdade, querido Sancho, é um dos mais preciosos dons que aos homens deram os céus. Com ela não se podem igualar os tesouros que a terra nem o mar encobrem; pela liberdade se pode e deve aventurar a vida".
Miguel de Cervantes

Imaginação 1 processo criativo

O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações. [narrativa]. E, na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional.

(...) Decifrar o mito é, pois, decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, o mito não pode, consequentemente, "ser um objeto, um conceito ou uma ideia: ele é um modo de significação, uma forma".Assim, não se há de definir o mito "pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo como a profere".
A constituição de um mito é um processo da imaginação tráz carcaterísticas de uma imagem. Guardada alguma distância sobre a relação com um passado imemorial que o mito está condicionado, como na poesia pode-se dizer que para o mito como imagem singular (e também coletiva)a sua comunicabilidade "é um fato de grande significação ontológica" como diz Gaston de Bachelard, referindo-se à poesia.
O processo criativo requer um conjunto de faculdades e capacidades como memória e imaginação. Mas o que são e como "funcionam" a memória, a imaginação, a sensação, a percepção
Quais as outras perguntas que se fazem sobre essas faculdades?
Faculdade: poder de efetuar uma ação física ou mental; capacidade.
Livros com asas de Anselm Kieffer
  Capítulo 4 - A imaginação (Chauí, p. 165)
Positiva ou negativamente, a imaginação está referida ao inexistente
A imaginação aparece como algo que possui graus, isto é, pode haver falta ou excesso. A imaginação surge, assim, como algo impreciso, situada entre dois tipos de invenção – criação inteligente e inovadora, de um lado; exagero, invencionice, mentira, de outro.
O poeta Manoel de Barros tira partido disso:
“O olho , a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.”
“tudo o que não invento é falso” 

UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO, VII
No descomeço era o verbo.Só depois é que veio o delírio do verbo.O delírio do verbo estava no começo, lá.onde a criança diz: Eu escuto a cordos passarinhos.(...) se a criança muda a função de um verbo, ele delira.E pois.Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de  fazer nascimentos.O verbo tem que pegar delírio. 
O inventor aumenta o mundo.”

A imaginação na tradição filosófica

A tradição filosófica sempre deu prioridade à imaginação reprodutora, considerada como um resíduo do objeto percebido que permanece retido em nossa consciência. A imagem seria um rastro ou um vestígio deixado pela percepção.
Os empiristas, por exemplo, falam das imagens como reflexos mentais das percepções ou das impressões, cujos traços foram gravados no cérebro. Desse ponto de vista, a imagem e a lembrança difeririam apenas porque a primeira é atual enquanto a segunda é passada.

A imagem seria, portanto, a reprodução presente que faço de coisas ou situações presentes para os empiristas.
Os filósofos intelectualistas também consideravam a imaginação uma forma enfraquecida da percepção e, por considerarem a percepção a principal causa de nossos erros (as ilusões e deformações da realidade), também julgavam a imaginação fonte de enganos e erros.
Descartes Imaginação origem do erro.

A precipitação, que é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas ideias são ou não são verdadeiras. São opiniões que emitimos em consequência de nossa vontade ser mais forte e poderosa do que nosso intelecto.
Originam-se no conhecimento sensível, na imaginação, na linguagem e na memória. Chauí, Convite à filosofia
Na Enciclopédia (discurso preliminar de D’Alembert) “Memória, Razão e Imaginação” são as três faculdades do conhecimento humano. Razão e imaginação são filhas da memória.
A organização de sua arvore enciclopédica obedece ao processo natural das operações do espírito.A imaginação depende da razão porque antes de criar o artista concebe/pensa.Na criação de objetos, a imaginação depende da memória, porque somente imagina objetos semelhantes aos que conhece (ideias e sensações). 
Na Enciclopédia, a Belas Artes são produtos da imaginação. Na imitação da natureza, a invenção está sujeita a regras, que formam principalmente a parte filosófica das Belas Artes.Mas, a invenção mesmo é obra do gênio, que prefere criar a discutir. Incompatibilidade entre conteúdo e prática.A imaginação no século XVIII não é mais o lugar do erro (semelhança), nem sequer a louca da casa desde que siga regras de utilidade e bom-senso. 

Mas “a veemência é loucura”.
A imaginação são colocados limites desde de regras ao desvio destas: “Quanto mais longe da semelhança mais próximo de excelência”.
 Imagem: Dom Quixote e Sancho Pança de Picasso
A imaginação seria, pois, diretamente reprodutora da percepção, no campo do conhecimento, e indiretamente reprodutora da percepção, no campo da fantasia. Por isso, na tradição filosófica, costumava-se usar a palavra imaginação como sinônimo de percepção ou como um aspecto da percepção. Percebemos imagens das coisas, dizia a tradição. Chauí, Convite à filosofia