A vida reside, habita, mora, aloja-se, não consegue passar sem um lugar. Dir-se-ia que ela desenha e codifica a sua definição; entendo desta última palavra aquilo que dela diz sua etimologia: atribuição de limites ou de fronteiras, abertas ou fechadas.
•Na questão onde vive? O verbo viver significa habitar. O ser vivo encontra-se aqui ou ai, não num ponto geométrico ou abstrato, não num espaço liso, na topologia de um cubo ou de uma esfera, de uma caixa ou de uma casa, de um saco cujo invólucro lhe fornece algum isolamento privativo, distâncias otimizadas, todas as circunstâncias de uma proximidade.
•Rodeada de uma membrana a célula vive menos em si e para si do que em sua casa. Sem membrana não há vida, teorema universal em biologia.
•Espaço por multiplicação / Lugar por implicação
• A dobra (dobrar – plier –fr- pli) implica o volume e começa a construir o lugar.
•A dobra que implica e multiplica (dobra sobre si e se desdobra) também permite passar do lugar ao espaço e deste ao canto.
•Na “poética do espaço” Gaston de Bachelard fala dos cantos referindo-se a intimidade humana, a sensação de “estar em paz”, a noção de conjunção com o espaço onde está: “Sou o espaço onde estou”.
•De acordo com Serres a vida tende ao muito curto “a dimensão local e singular (...) rodeada de limites espaço-temporais, caracteriza-a; não o espaço, mas o compartimento” .
•O ser-aí
•SERRES, Michel. Atlas. Lisboa: Instituto Piaget
•BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes,
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