Wednesday, March 16, 2011
Vilemflusser
Congresso Internacional “Imagem, imaginação, fantasia” Vilem Flusser em Ouro Preto- 18 a 21 de outubro
promovido por:
Mestrado em Estética e Filosofia da Arte do IFAC-UFOP/ Linha de pesquisa “Estética e Filosofia da Arte” do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da FAFICH-UFMG/ Associação Brasileira de Estética – ABRE
Inscrições para a apresentação de comunicações: os resumos dos trabalhos, de cerca de 300 palavras, rigorosamente dentro do temário proposto, deverão ser enviados à Comissão Organizadora até 15/05/2011, sendo que até 10/06/2011 será publicado o resultado sobre a sua aceitação ou não para a apresentação no Congresso na página do evento na Internet
Saturday, March 05, 2011
Wednesday, March 02, 2011
Arquitetura: ação, interação e interatividade
CAGE, John. De Segunda a um Ano. São Paulo: HUCITEC, 1985
Estética e Arquitetura 2011
Os tópicos abaixo apresentam o conteúdo programático referencial previsto para disciplina de Estética e Arquitetura do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufes neste semetre letivo - 2011/01:
Sunday, January 23, 2011
Sobre sentimentos de amor
"“O amor é uma força econômica.” O amor não tem medida, é só excesso, vence a morte e opera a revolução, como princípio da organização (política) da produção." Sobre Antonio Negri in: http://quadradodosloucos.blogspot.com/2010/06/resenha-commonwealth-antonio-negri-e.html
Wednesday, November 03, 2010
A poética do espaço - Gaston de Bachelard
Private collection
Photo Peter Bellamy
© Adagp, Paris 2008
Tuesday, July 06, 2010
Friday, June 04, 2010
A departamentalização da casa
No livro “Vergonha e decoro na vida cotidiana da metrópole” – que é organizado por José de Sousa Martins – muitos autores alegam que a “departamentalização da casa” (banheiro, cozinha, quartos, sala) e a criação de corredores de passagem que permitem acesso aos diversos cômodos sem transitar pelos espaços privados, reafirmam o papel da intimidade e estabelecem um uso estrito para cada espaço, evocando ordem. A demarcação e a caracterização dos espaços estavam ligadas ao decoro . Este se relacionava (e se relaciona) ao comportamento adequado em relação às formas de interação social, cuidados com o corpo e controle das funções orgânicas e fisiológicas, às quais poderia gerar constrangimento, nojo ou vergonha. Tratava-se de uma demarcação em relação ao que deve ser exposto e ao que deve ser escondido publicamente. Estes procedimentos começaram na corte absolutista que queria se diferenciar da corte medieval. Tanto que bom comportamento passa a ser denominado de “cortesia”. A partir da corte absolutista se propôs paulatinamente o comedimento e o controle em relação a certas funções orgânicas em público. Os autores indicam que o nojo, o asco, as repugnâncias foram socialmente construídas. O “padrão de mundo civilizado” de refinamento de conduta foi um processo social que se inicia antes da era burguesa, que, contudo, radicaliza estes hábitos e protocolos. O racionalismo, o iluminismo, a medicalização da vida, o sanitarismo e o modernismo também colaboram neste processo.
A civilidade impõe certo distanciamento do outro e os cômodos da casa expressam gradações deste distanciamento. Cada local tem suas regras de conduta. A sala é o lugar mais público, pode ser a fachada da casa ou funcionar como um bastidor. Geralmente é o lugar mais arrumado e decorado. Num salão burguês disse Walter Benjamin: “o ‘interior’ obriga o habitante a adquirir o máximo possível de hábitos, que se ajustem melhor a esse interior que a ele próprio.” E sobre o quarto Benjamin escreve que:
“Se entrarmos num quarto burguês dos anos oitenta [1880], apesar de todo o “aconchego” que ele irradia, talvez a impressão mais forte que ele produz se exprima na frase: “Não temos nada a fazer ali porque não há nesse espaço um único ponto em que seu habitante não tivesse deixado seus vestígios. Esses vestígios são bibelôs sobre prateleiras, as franjas ao pé das poltronas, as cortinas transparentes atrás das janelas. O guarda-fogo diante da lareira.”
O quarto se estabelece como o local da intimidade, é o espaço mais privado da casa. A cozinha e o banheiro foram por muito tempo lugares da rejeição .
“Nas casas burguesas de Paris, por exemplo, a cozinha ficava em um cômodo que dava para o pátio, mas que não tinha acesso direto aos cômodos principais. Nas casas térreas inglesas, a cozinha, adjacente aos alojamentos dos criados, continuou situada no porão até o século XIX. Na maioria dos appartements, a “cozinha” não passava de um caldeirão pendurado na lareira. (RYBCZYNSKI, 1996, p.83)”
O surgimento da intimidade na casa propiciou mudanças no arranjo doméstico, funções mais específicas foram dadas aos cômodos como a cozinha e os quartos. Os filhos mais velhos já não dormiam mais com os pais. Criados e empregados tinham seus próprios quartos assim como os demais membros da família, mas todos os moradores da casa ainda faziam as refeições em conjunto (á mesma mesa). Este senso de intimidade doméstica que estava surgindo era o caminho para a casa de família (Graziela Dadalto).
“Domesticidade, privacidade, conforto, o conceito do lar e da família: estas são, literalmente, as primeiras conquistas da Era Burguesa. O Interior Burguês.” (RYBCZYNSKI, 1996, p.63). Na verdade, o conceito de doméstico, de esfera privada é anterior a era burguesa, derivada do tempo dos romanos de domus. essa palavra domus (singular e plural) deriva de dominus, nome por que eram designados os chefes das famílias patrícias.
A instalação de uma comunidade em um território implicava em consagrá-lo. De certa forma o espaço doméstico também apresentava alguma consagração ao sagrado, para os Romanos Janu e Vesta, guardavam as portas e o lar, enquanto que o Deus Lares protegia o campo e a casa;
“O domus é um espaço e um tempo comuns”, um dos aspectos que constitui o lugar. Um espaço-tempo doméstico é compartilhado, é “onde cada um encontra seu lugar e seu nome” (PEIXOTO, 1996). A cidade, a esfera pública, apresenta outra configuração do espaço e do tempo.
O espaço doméstico é onde se ‘vive com’ (convive), se come na mesma mesa. Para os gregos antigos, o conviver ocorria na oiko (casa) dirigida por regras, normas da casa, do lugar nomia. Oikós (de onde deriva a palavra economia) significa a “arte de administrar a casa”, as propriedades de terra, os recursos materiais, e também as relações matrimoniais, paternas, maternas (José Lira).
No entanto, a semântica que domesticidade adquire advêm da era burguesa. Quer dizer, a domesticidade é tida como um conjunto de emoções, relacionada à família, à intimidade, à devoção ao lar, assim como a uma sensação da casa como incorporadora.
A organização da divisão dos cômodos de uma casa através dos setores íntimos, social e de serviço, caracteriza a tripartição burguesa européia do Século XIX.
Referencias:
ARRIVABENE, Graziela Dadalto. A transformação no espaço da cozinha em residências unifamiliares. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal do Espírito Santo. Orientador: Clara Luiza Miranda.
BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In. Obras escolhidas (1) Magia e técnica, arte e política. Ed. Brasiliense. São Paulo.
LIRA, José tavares Correia de. Sobre o conceito de casa ou como ver o objeto por excelência do arquiteto sem sair de casa. São Paulo. Revista Caramelo, FAUUSP, N. 5. s. d.
MARTINS, José de Sousa. Introdução. In Vergonha e decoro na vida cotidiana da metrópole. HUCITEC, São Paulo, 1999, pp 9-15.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. São Paulo: SENAC: Marca D’Água, 1996.
PERROT. Maneiras de Morar. in A história da vida Privada n. 4.
RYBCZYNSKI, Witold. Casa: Pequena História de Uma Idéia. Ed. Record,
SANTOS, Christiane Sousa do & AGUIEIROS, Gabriela H. O corpo e a intimidade: os espaços do constrangimentos. In MARTINS, José de Sousa. Vergonha e decoro na vida cotidiana da metrópole. HUCITEC, São Paulo, 1999, pp 105-122
Sunday, March 28, 2010
"uma casa onde se pode viver”

Toyo Ito em Arquitetura dos Limites Difusos reflete sobre a distância entre os espaços que conforma as experiências dos seres humanos e o espaço construído por um arquiteto; o primeiro é “uma casa onde se pode viver” e o segundo é uma “casa obra de um arquiteto”. Os argumentos desta “autocrítica”, que se reveste de grande importância pois se trata do espaço da vida cotidiana, advém do filósofo Koji Taki: “Por que apareceu esta diferença? (...) O espaço projetado pelo arquiteto não é resultado do tempo vivido por alguém; a casa como morada não se construiu a priori para as coisas que residem no futuro. Estas revelam os aspectos espaciais do lugar habitável como um conceito lírico codificado. Entre as contradições e as relações interativas destes aspectos surgem nossas reflexões sobre o espaço habitável. As diversidades lingüísticas do espaço habitável estão relacionadas. (...). A criação do arquiteto aparece de modo que extrai aquilo essencial do conceito de arquitetura que passa desapercebido mas além do caráter vivente da casa. Ao dispor o modo como os demais vêem as coisas, se desvelam e se expressam os limites do espaço que um indivíduo pode visualizar no presente”.(KOJI apud ITO, 2006)
Toyo Ito deduz que há uma defasagem entre o corpo como “experiência vivida” e o “outro corpo”, que aspira a tal linguagem lírica (conotativa, subjetiva, pessoal), um corpo criado mediante a consciência ampliada da tecnologia moderna.
ITO, Toyo. Arquitetura dois limites difusos. Barcelona: Gustavo Gili, 2006
Trabalho da Laura Cantarelli In: Verb Connection, Actar, Barcelona, 2004.
Sunday, March 21, 2010
"Morar de outras maneiras"
Partimos da idéia de que tudo o que diz respeito à produção, ao uso e aos significados da moradia é fruto de processos histórico-sociais. Nada do que a ela se relaciona agora pode, sem mais, ser dito arcaico, natural, arquetípico, essencial – enfim, ahistórico. Os homens da caverna dormiam, mas não como nós; estima-se que dormiam pelo menos 14 horas por dia e de modo intermitente. Os nômades se abrigam, mas o fazem sem construções permanentes em locais fixos. Os índios Maxacali tem um certo senso de privacidade, mas relacionam-no à mata e não à casa, que para eles é lugar público. Há inúmeros exemplos de diferentes épocas, regiões e culturas para contradizer cada um dos pretensos sentidos universais da moradia.
Poder-se-ia objetar que dormir, comer ou buscar abrigo seriam, afinal, atos comuns a toda a humanidade, passíveis de alterações históricas apenas quanto às suas formas de manifestação, mas não em sua essência. Porém, cabe contrapor que não é possível separar tais supostas essências (sejam de ordem biológica ou de alguma ordem imaterial) daquilo em que se transformaram ao longo da história da sociedade. O filósofo crítico Theodor Adorno faz uma constatação incisiva nesse sentido: "A fome, entendida como categoria da natureza, pode ser saciada com gafanhotos e bolo de pernilongos. Para saciar a fome concreta dos civilizados é preciso que tenham algo para comer de que não sintam nojo, e no nojo e em seu contrário reflete-se toda a história." Até a fome e o nojo, de todos os sentimentos talvez os menos suscetíveis ao controle do intelecto, são histórica e socialmente mediados. O que as pessoas reais sentem não é fome em geral, mas uma fome tão específica que certos alimentos lhe servem e outros não (e por vezes, essa distinção é mais determinante do que o medo da morte).
Analogamente, as pessoas reais não sentem necessidade ancestral de abrigo, nem desejo genérico de moradia. Elas têm necessidades e desejos concretos, moldados pela sua situação social e histórica, tanto naquilo que uma pessoa quer, quanto naquilo que ela rechaça. Não existe "um modo intemporal de construir" que "tem milhares de anos de antigüidade e é hoje o mesmo de sempre" . Não é verdade que "a casa sempre foi o indispensável e primeiro instrumento que ele [o homem] se forjou" ou que "todos os homens têm as mesmas necessidades" . Tampouco a moradia se rege por uma "dimensão existencial [que] não é determinada pelas condições sócio-econômicas" e cujos "significados transcendem a situação histórica" . O fato de os procedimentos mais triviais de sobrevivência social nas cidades brasileiras da atualidade exigirem o comprovante de residência talvez diga mais sobre a importância e as funções da moradia nesta sociedade do que o diz o conceito de ser-no-mundo. Morar não é uma operação abstrata; morar é sempre morar desta ou daquela maneira e numa sociedade, mesmo que se more deliberadamente afastado dela. Morar também não é uma operação primitiva, primordial; nada mais inglês e setecentista do que o modo como Robinson Crusoe organiza o espaço de sua ilha e seus afazeres cotidianos. Morar é, em suma, uma prática que se dá na história e no espaço sociais. E da mesma maneira que as moradias e suas características se produziram historicamente, elas podem se modificar ou desaparecer.
O texto inteiro está neste site: http://www.mom.arq.ufmg.br/
ou em:
KAPP, Silke; BALTAZAR DOS SANTOS, Ana Paula; VELLOSO, Rita de Cássia Lucena. Morar de Outras Maneiras: Pontos de Partida para uma Investigação da Produção Habitacional. Topos Revista de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 4, p. 34-42, 2006.
Thursday, March 11, 2010
A axiologia do “lugar”
O espaço funciona por referência extrínseca- conceito, abstração- para ser precisado necessita de adjetivo. O território funciona por referência intrínseca – prática, regras, condutas. O lugar funcionaliza o mundo.
"AXIOLOGIA (in. Axiology, fr. Axiologie, ai. Axiologie, it. Axiologid). A "teoria dos valores" ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Martins Fontes.
Entre as teorias sobre o espaço estão: o grupo das concepções do espaço e as teorias do espaço da cidade ou do urbano. A problemática do urbano é indissociável da interatividade seja doméstica e privada seja coletiva e/ou pública. No quadro destes estudos há aqueles que se debruçam especificamente sobre a lógica e a axiologia do lugar.
O lugar é algo que acompanha o homem, Jean François Lyotard chega a dizer que cada um carrega o seu consigo. Por outro lado, para a definição da estrutura do lugar há uma infinidade de teorias opostas desde o distante mundo cultural grego diz Josep Muntanola Thornberg.
Como indicam Aristóteles e Hegel, “o lugar é sempre lugar de algo ou de alguém”. O que interessa expor são as inter-relações entre este algo ou alguém que habita (ou tem relações com) o lugar e descrever o próprio lugar. Além disso, a capacidade de construir o lugar distingue o homem, ou melhor, a capacidade de “espaciar-se em um espaço” como diz Heidegger. Para ele, a comunicação lingüística no homem está subordinada ao seu "ser no mundo" que é espacial.
A arquitetura organiza os lugares para viver mediante a transformação da matéria física. Esta transformação tem a ver com este "espaciar-se em um espaço" heideggeriano.
Pode-se discriminar um grupo de ciências que se ocupam do lugar, tendo as via de análise predominante: operativa, figurativa, semiótica, e ainda tendo como objeto de análise a pessoa humana, a sociedade, o meio ambiente arquitetura e urbanismo, a tecnologia são apenas algumas das disciplinas.
Josep Muntanola Thornberg distingue autores que tratam a lógica do lugar, dentre estes estão Aristóteles e Hegel. Para Aristóteles o lugar não é um vazio espacial desassociado daquilo que preenche o lugar. Ao contrário é um "intervalo corporal" (Aristóteles) que pode ser ocupado sucessivamente por diferentes corpos físicos e que está criado pelo próprio lugar em si mesmo.
A noção de lugar de Aristóteles é muito "moderna", diz Thornberg pois está articulada à noção de limite. Donde existe uma "constância vicinal" entre o continente e o conteúdo. Esta noção de lugar se identifica com a noção de contato como limite dos corpos em afinidade, determinando-se num equilíbrio variável, e cada vez mais difuso em relação à medida que nos afastamos da escala humana
Para Hegel, lugar é tempo no espaço. Além disso, entre espaço e tempo distingue duas uniões: o movimento e a matéria. A primeira é o movimento, passagens entre espaço e tempo e espaço, e também pode ser definida como mudança de lugar. La segunda unia- espacio-temporal é a matéria, é a existente união do espaço e do tempo, por uma parte, e do lugar e do movimento, por outra parte (ver Thonemberg p. 19).
Josep Muntanola Thornberg explica que a abordagem sobre a lógica do lugar realista, física e geométrica é contraposta pela axiologia do lugar (valores espaciais). Thonemberg destaca neste contexto Gaston de Bachelard.
“Tornar geométrica a representação, isto é, delinear os fenômenos e ordenar em série os acontecimentos decisivos de uma experiência, eis a tarefa primordial em que se firma o espírito científico. De fato, é desse modo que se chega à quantidade representada, a meio caminho entre o concreto e o abstrato, numa zona intermédia em que o espírito busca conciliar matemática e experiência, leis e fatos. Essa tarefa de geometrização que muitas vezes pareceu realizada — seja após o sucesso do cartesianismo, seja após o sucesso da mecânica newtoniana, seja com a óptica de Fresnel — acaba sempre por revelar-se insuficiente. Mais cedo ou mais tarde, na maioria dos domínios, é forçoso constatar que essa primeira representação geométrica, fundada num realismo ingênuo das propriedades espaciais, implica ligações mais ocultas, leis topológicas menos nitidamente solidárias com as relações métricas imediatamente aparentes, em resumo, vínculos essenciais mais profundos do que os que se costuma encontrar na representação geométrica. Sente-se pouco a pouco a necessidade de trabalhar sob o espaço, no nível das relações essenciais que sustentam tanto o espaço quanto os fenômenos. O pensamento científico é então levado para "construções" mais metafóricas que reais, para "espaços de configuração", dos quais o espaço sensível não passa, no fundo, de um pobre exemplo. (BACHELARD, 1995).
Gaston de Bachelard incentiva a ruptura com o racionalismo da ciência para ele deve-se esquecer este saber, se a proposta é estudar os problemas colocados pela imaginação poética.
“Só a fenomenologia, isto é, o levar em conta a partida da imagem numa consciência individual – pode ajudar-nos a restituir a subjetividade das imagens e a medir a amplitude, a força, o sentido da transubjetividade da imagem”.
Bachelard faz distinção entre imagem e conceito. A imagem é vivida, o conceito é construído, são termos que não admitem síntese. Estão em dois pólos divergentes da vida, intelecto e imaginação. O conceito é um centro de significação isolado. Já na imagem tem autonomia em relação aos seus objetos. A imagem ultrapassa sua significação: “A imagem poética é essencialmente variacional. Ela não é como o conceito, constitutiva” (BACHELARD, 1996). A imagem possui uma existência que lhe é própria, singular, é produto da criação, ela não é derivada da experiência.
Christian Norberg-Schulz, no quadro da fenomenologia heideggeriana, parte do mundo-da-vida cotidiana que consiste de “fenômenos concretos” e os menos tangíveis como sentimentos. Assim, interessado nas qualidades complexas dos lugares abre mão de conceitos analíticos científicos, aponta como Bachelard a poesia, como fonte de informação sobre os lugares. Interessa-se pela estrutura do lugar.
referências
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes. 1995
BACHELARD, Gaston. O novo espírito científico. Lisboa: Edições 70, 1996
NORBERG-SCHULZ, Christian. O fenômeno do lugar. In: NESBITT, Kate (org.). Uma nova agenda para a. arquitetura: antologia teórica 1965-1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006
THORNBERG, Josep Muntanola La Arquitectura Como Lugar. Barcelona. Editorial Gustavo Gili, S.A., 1974
Friday, March 05, 2010
SOBRE O CONCEITO DE CASA
LIRA, José tavares Correia de. Sobre o conceito de casa ou como ver o objeto por excelência do arquiteto sem sair de casa. São Paulo. Revista Caramelo, FAUUSP, N. 5. s. d.
O termo casa está ligado a um universo extremamente largo de significações. Não se refere apenas a um edifício destinado à habitação, uma morada e suas dependências, podem comportar toda uma dimensão diferencial e simbólica. Há termos relacionados a casa tal como economia, palavra que vem do grego oikós (casa) nomia (regras) que significa a “arte de administrar a casa”, as propriedades de terra, os recursos materiais, e também as relações matrimoniais, paternas, maternas. Do mesmo modo há uma “engenharia da casa”: uma “parafernália” constituída de objetos úteis à vida da casa, que tem também interesse arqueológico quando perdem a validade ou atualidade.
Desde a sociedade disciplinar , os habitantes medidos (nomeados, numerados, normatizados) e distribuídos hierarquicamente no espaço funcional moderno. A cidade moderna expressa o ideário técnico e científico burguês e “legou uma concepção de casa e família radicalmente modificada”. A cisão entre trabalho e moradia expressa a distância entre o espaço rural, da manufatura, da burocracia, do lazer e do repouso, e coloca formas progressivamente especializadas de localização e de contatos sociais cronometrados, tempo e espaços individualizados, deslocamentos geométricos, transformando a rotina e os abrigos. Entretanto a casa moderna transcende aquilo que se entende por abrigo (LIRA, s. d.).
A habitação deixará de ser encarada à maneira de um envoltório, no qual “gerações sucessivas e descendências seriam entrelaçadas por tradições estáveis e referências de origem precisas”. A moral burguesa investe na construção de um indivíduo autônomo que reivindica propriedades, intimidade e privacidade. Contudo, depois do século XIX, “a casa é atravessada pelo fio de prumo da racionalidade da ciência, desencantada de sua relação com aspectos ecológicos e aspectos diversos da vida comunitária” (LIRA, s. d.).
Se os acontecimentos da casa grega não eram assuntos a serem tratados na ágora, na esfera pública, as necessidades humanas, que incluem todos os aspectos da produção e reprodução passam a ser assuntos públicos, de governo e da esfera pública na sociedade moderna e industrial. Os arquitetos aderem a este novo programa para habitação. Os Congressos Internacionais da Arquitetura Moderna, particularmente os de Frankfurt em 1929 e Bruxelas em 1930, são marcos da equiparação doutrinária da casa racional à máquina de morar corbusiana e da casa-ração de Walter Gropius (LIRA, s. d.).
A casa torna-se “espaço estratégico da formação do homem civilizado” que confirma o padrão técnico e científico da casa higiênica. A casa máquina é mercantil, os prazeres realizados no espaço doméstico são cada vez mais “alicerçados em uma economia da equipagem, do conforto ambiental e do bem estar” (LIRA, s. d.).
No período contemporâneo, o filosófo Gilles Deleuze observa que “a família, a escola, o exército, a fábrica não são mais espaços analógicos distintos que convergem para um proprietário, Estado ou potência privada, mas são agora figuras cifradas, deformáveis e transformáveis, de uma mesma empresa que só tem gerentes. Até a arte abandonou os espaços fechados para entrar nos circuitos abertos do banco” (DELEUZE, 1992). Deste modo, espera-se que a forma, a estrutura, a equipagem, o espaço da habitação deveriam acompanhar espacialmente as novas formas de controle, novos programas sociais, culturais e para o mundo do trabalho, novos modos de vida urbana e doméstica.
Sobre a sociedade disciplinar
Sociedades disciplinares refere-se a um termo criado por Michel Foucault para discriminar a rede de instituições disciplinares e seus mecanismos de exercício do poder, enquadram-se entre essas instituições a família, a escola, o quartel, a fábrica, o hospital e a prisão. O indivíduo não cessava de passar de um espaço fechado ao outro: família, escola, fábrica, universidade e eventualmente prisão ou hospital. Esta organização de grandes meios de confinamento, os quais tinham como objetivo concentrar e compor, no tempo e no espaço, uma forma de produção cujo efeito deveria ser superior à soma das partes. A existência de mecanismos disciplinares é anterior ao período que Foucault denominou como sociedade disciplinar, mas antes existiam de forma isolada, fragmentada. O padrão de visibilidade das sociedades disciplinares projectou-se no interior dos prédios das instituições, que passaram a ser construídos para permitir o controle interno In. POMBO, Olga. Da Sociedade disciplinar à Sociedade de controle. http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm
Ver tbm. DELEUZE, Gilles. Pós scriptum. A Sociedade Mundial de Controle. In. Conversações. São Paulo: Ed. 34, 1992.
Sunday, June 07, 2009
INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO. CAPÍTULO 12 . INTELIGÊNCIA COLETIVA
CAPÍTULO 12. INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO
O texto faz referência inicial à época anterior aos séculos XV e XVI, período das Grandes Navegações, quando o homem utilizava relatos para se localizar. Esses relatos por mais eficazes que fossem, eram muito mais descritivos do que funcionais, sua compilação em portulanos auxiliava na localização e viagem dos navegantes, todavia, existiam muitos relatos em branco, os quais eram preenchidos com histórias fantasiosas e mitos que se tornavam símbolos de grande força.
Nessa época, além da grande utilização da bússola, instrumento terrestre, o qual auxiliava na orientação a partir de um norte magnético; existiam também os algoritmos que eram mais eficazes do que os portulanos para navegação, vez que era uma descrição seqüencial de ações a serem tomadas pelos navegantes durante suas viagens.
Devido às necessidades de se navegar em mares desconhecidos, os portulanos e algoritmos não serviam mais, era também grande a dificuldade em encontrá-los. Fez-se necessário criar, então, uma espécie de território, o qual, em um campo abstrato e imóvel, far-se-iam projeções sobre o céu na terra, as quais funcionariam para localização dos viajantes. Essa localização era definida a partir da criação de pontos especificados neste território abstrato depois de sua divisão quadrangular. Os instrumentos utilizados na época se voltavam consequentemente à orientação pelo território do céu, tais instrumentos eram basicamente o quadrante e o astrolábio, que definiam de acordo com a altura da Estrela Polar ou do Sol a latitude e a longitude. Com a nova definição de espaço, a Terra é quadriculada e cercada por uma rede que cai do céu, e cada ponto possui a partir de então coordenadas e um endereço, mesmo que não seja assim desejado. Os relatos e os algoritmos dão lugar ao sistema do qual a geografia científica só é um caso particular. Esse sistema permite orientar-se onde ninguém jamais antes esteve, e permite realizar com certeza e precisão resultados de uma operação bem efetuada.
No espaço da mercadoria já não é possível fixar pontos em um sistema, visto que tudo circula e flutua incessantemente. A inércia do Território é forte, seus pontos de referência, fixos. O espaço econômico é móvel, relativista, sendo que nele é o terreno que viaja e se transforma. As mercadorias circulam, seus preços flutuam, possuem valores diferentes em um lugar ou em outro no mesmo instante, os sistemas de produção evoluem. O valor e a organização dos conhecimentos dependem estreitamente de um contato cultural, social e profissional cambiante.
A dificuldade no Espaço do saber consiste em organizar o organizador, objetivar o subjetivante. O saber sobre o saber deriva de uma circularidade essencial, originária, inelutável.
Para auxiliar o espaço das mercadorias, surge no século XVII, as estatísticas e probabilidades e seu desenvolvimento acompanha a expansão capitalista. Com esse mapa móvel os comerciantes terão como base os índices, taxas, médias, demanda e todos os itens suficientes para se adequares a esse espaço imprevisível, onde tudo circula e flutua. Porém as estatísticas escondem de os exemplos particulares, ocorre generalização o que deixa por vezes um caso isolado no esquecimento. As estratégicas são submetidas à lei de grandes números, levando à probabilidades assim as qualidades são reduzidas a quantidades.
Considerando que o espaço do saber não pode apoiar-se na estatística puramente quantitativa à maneira mercantil, ou uma organização transcendente como o território, o cinemapa desenvolve espaço qualitativamente diferenciado. A organização desse espaço vai mostrar essa complexidade de relações que os objetos ou atores do universo informacional mantêm uns com os outros.
O cinemapa consegue dar tributo diferente, para cada lugar, com suas peculiaridades. Para cada ponto mostra investigações mais profundas, fornecem detalhamentos: o cinemapa é um mosaico móvel em permenente recomposição, onde cada figura é completa, mas adquire valor e sentido na configuração geral.
Ele permite ler uma situação, um espaço qualitativo. Grupo humano para utiliza-lo precisa intelectual coletivo. Assim, o cinemapa é uma realidade virtual , um ciberespaço.
Sunday, May 31, 2009
Novo cronograma ...
Barroco ainda e 19. Preparação para disciplina estética. Visualidade x drama: Willian Sheakeaspeare. A invenção da liberdade: David Hume (a teoria do gosto). Aesthetica (Baumgarten)
03 de junho
18. Transformações no conceito de espaço: extensão-divisibilidade. Boullé, Ledoux, Durand. 20. O criticismo. A crítica da faculdade de julgar Emanuel Kant / Hegel
08/Junho
21. O romantismo: a visão de mundo e a função da arte. Processos em arte, categorias estéticas: belo, sublime, grotesco, pinturesco em arte e em arquitetura.
08 e 10/Junho22. Hegel. O nascimento da história da arte e o sistema das artes. Nietzsche, a oposição a Hegel.
15 de junho23. O projeto moderno: modernidade, modernismo, movimentos modernos, funcionalismo.
17 de junho24. As teorias artísticas em arte e arquitetura: a empatia (einfühlung), a formalidade. A crítica do formalismo: Iconologia e tipologia. A filosofia das formas simbólicas.
22 e 24/Junho 29/Junho25. O momento pós-critico: Peter Einseman critica aos fundamentos da arquitetura moderna. 26. A nova agenda da arquitetura: fenomenologia, pós-estruturalismo
01 e 06/Julho 28. O design, o projetista: seus modos de ver e pensar – Flusser e Lawson
08/Julho 29. As relações entre espaços, a deriva contínua do mundo humano
IMITAÇÃO DA NATUREZA
Por Fernada Ferri
Tópico do programa: Conceitos de beleza e arte. Platão e Aristóteles.
IMITAÇÃO DA NATUREZA
1. A depreciação platônica da arte
Segundo Platão, a imagem produzida por um artista é duplamente inadequada.
Comparando uma cama feita por um marceneiro e uma cama pintada por um pintor, ele fundamenta-se no postulado realista que julga que uma cama da qual possamos servir-nos seja superior a uma cama que se pode apenas olhar, e sempre pelo mesmo ângulo. Por isso ela é dita como inadequada ao ente (a coisa representada), e ao ser (a idéia).
A teoria do espelho deprecia a imagem artística comparando-a a um reflexo no espelho, uma ilusão sem substância, e o artista é comparado a um charlatão desprovido de ofício, sendo que a imagem produzida por ele qualquer um pode produzir sem qualquer dificuldade.
È estabelecida uma hierarquia das três camas: a primeira é o protótipo, estabelecido pelo próprio Deus, a única que é realmente existente “por natureza”; a segunda é a que é fabricada pelo marceneiro; a terceira, a que é pintada pelo pintor. Aqui o termo “natureza” significa a essência, aquilo que se mostra por si mesmo em oposição ao que é produzido por meio de outra coisa.
A partir desta hierarquia Platão distingue três tipos de “produtores”:
1. o deus: Aquele que toma a seu cargo a apresentação do puro aspecto das coisas;
2. o artesão: Aquele que reproduz o objeto a ser usado correspondendo verdadeiramente à sua idéia;
3. o pintor: “Operário da imagem”. Propõe-se não a representar o objeto tal qual ele é, mas sim tal qual aparenta.
E assim como não se pode aprender com um pintor a maneira de se fazer uma cama, não se pode aprender com um poeta que canta sobre a cura a maneira de curar, pois a imitação artística e poética não se baseia em conhecimento algum. Segundo Platão ambos são ignorantes, e a arte é algo inútil, que não ensina nada pois não se fundamenta em nenhum conhecimento verdadeiro.
2. Apologia da arte egípcia
A arte grega do século V não respeita proporções, alterando-as em busca da verossimilhança do objeto representado em relação ao ponto de vista do espectador. Assim, para que, vistas de baixo, a parte superior de uma estátua colocada no alto não pareçam menores, elas são aumentadas em relação às inferiores, passando para o espectador uma aparência, e não a verdade intrínseca do objeto representado.
A arte egípcia, ao contrário, não visa agradar o ponto de vista do observador. O artista egípcio não procura expressar o natural, nem a perspectiva, e nem busca dar aparência de vida e movimento, que os gregos chamam de skiagraphia, o “desenho da sombra”, que Platão relaciona com a intenção de enganar dando substância a algo que não tem. O artista egípcio negligencia esta percepção que faz parecer o objeto representado sempre do mesmo ponto de vista. Ele respeita a essência do modelo e o reproduz tal qual é em si mesmo, sem se preocupar com o aspecto que irá parecer. Uma arte que não procura enganar.
Em O sofista, Platão contrapõe essas duas artes distinguindo duas formas de “arte imitativa”:
1. A ”arte da cópia”: Trata-se de uma arte que produz uma imagem semelhante, comparável ao modelo, reproduzindo a proporções, e dando a cada parte as cores apropriadas. A arte egípcia;
2. A “arte do simulacro”: Trata-se de uma arte que não se preocupa em reproduzir as verdadeiras proporções, mas sim as que aparentam belas aos olhos do observador. A arte grega.
Platão luta contra essa tendência da “arte do simulacro”, cada vez mais relativista e ao mesmo tempo naturalista.
3. Aristóteles: a legitimação da mimèsis
Aristóteles também afirma que a arte seja imitação, mas coloca a imitação como algo “natural”, verdadeiro, não sendo ignorância ou ilusão, mas sim uma atividade conforme a “natureza”.
Para ele, a célebre fórmula da Physique, “A arte imita a natureza”, não significa que a arte deva reproduzir a natureza, mas sim que a arte tem essa capacidade, além de ter a capacidade de produzir, rivalizando com a natureza.
Ele propõe três maneiras fundamentais de imitar: a representação do que as coisas são; a representação do que as coisas parecem ser, o verossímil; e a representação do que as coisas deveriam ser, o ideal.
Aristóteles é o primeiro filósofo a analisar a natureza do prazer estético, concluindo que o prazer estético legítimo deve-se ao fato de que a obra de arte nos faz raciocinar ao compararmos o retrato ao seu modelo, nos encantando encontrar esta relação mimética entre arte e natureza. Contrariamente a Platão a arte não é ignorância, e sim ampliação do conhecimento.
Mesmo com essa legitimação da arte, que precede inúmeras outras, a condenação platônica ressurgirá inúmeras vezes, e um exemplo claro é através da censura. A discussão nos dias atuais, embora hoje a censura teatral tenha deixado de existir, persiste a censura cinematográfica com o pretexto de defender a juventude do vício, indecência e crime.
Saturday, May 23, 2009
Figuras de espaço e de tempo – Cap. 11

Segundo Levy, a Terra constitui a memória dos homens. Em suas paisagens mapeia as epopéias e guarda todas as sabedorias. Pois o espaço vive e cada canto do mundo contém uma história. Onde as trilhas não são refeitas, perde-se a referência da memória e tudo morre. Quando refeitas, a origem se faz presente. Tudo revive, pois jamais passou. Aqui o espaço é percorrido por forças, pontuados de lugares altos, intensidades, centros, livres de áreas proibidas. Trata-se do espaço-memória, um espaço-narração, a encarnação de uma subjetividade coletiva dentro do cosmo.
giões de parada no devir, correspondendo a contrações do passado mais ou menos fluida. Quanto mais fluídas, mais próximas estarão de uma dimensão virtual, da memória imemorial. Somente através da memória se pode atingir o passado, e este, não existindo como um antigo presente, só se torna possível enquanto produção no presente, resgatado pelo imemorial. Assim, é somente a partir de hoje que se pode falar sobre o passado, e é implicado no presente e comprometido com o futuro que se faz valer o passado — um passado sempre a se refazer no presente.” [Rauter, 1998].
Território: a clausura, a inscrição, a história (
Espaço: Clausuras (fundações)
Clausura:
- Vida de claustro.
- Estado de quem não sai de casa, e vive nela com retraimento.
- Fig. Claustro, convento.
Liames:
- Tirar a rudeza; civilizar.
- Polir; aperfeiçoar
Tempo: História; Tempo “lento” diferido, engendrado pelas operações espaciais de clausura e fundação.
“O camponês cerca, ara, carpe, e planta o campo. O rei cava os fossos, ergue muros em torno da cidade, e edifica no centro seu palácio. O padre delimita o espaço sagrado, núcleo secreto do templo, para nele alojar um ídolo, um altar ou a ausência.” (vazio constitui um espaço). “O escriba prepara a tábua de argila, o papiro (...) inscreve (...) o texto (...) cercado por suas margens.” [p.150]
“Os cercados abrigam (...); as fronteiras impedem (...); o Estado prende (...); canais e estradas canalizam os fluxos. Alfândegas, guichês, portas restabelecem continuamente o dentro e o fora. Entre os escribas, os exames e concursos erguem barreiras em torno do saber.” [p.151]
Seguindo...
Todas as fortificações são proteções contra a aniquilação e o esquecimento, esforços para durar, permanecer, não passar. Já a agricultura instaura os jogos e os riscos da duração, do atraso, do estoque. Surgindo celeiros, silos, depósitos, adegas, tesouros enterrados, previsão para os anos de escassez, e aposta no futuro.
Mercadoria: circuitos, tempo real (1750).
Espaço: Redes; Circuitos Urbanos.
“Desterritorializados, homens, coisas, técnicas, capitais, signos e saberes renovam-se e giram continuamente nos circuitos da mercadoria. As estratégias comerciais não mais erguem proteções: instalam redes, organizam circuitos. Redes de comunicação, de transporte, de distribuição e de produção entrelaçando-se (...), tecendo um espaço de circulação.” [p.151]