Sunday, January 27, 2013

Imaginação para Sartre



“A elucidação do significado da imaginação se faz através do questionamento de como se produz imagem. Sartre, após uma rigorosa crítica à visão clássica1 da concepção de imagem, entende que essa produção deve ser iniciada numa mudança básica de concepção: a imagem não é uma coisa, não é exterioridade, muito pelo contrário, ela é consciência, é ato intencional da consciência.” (Francimar Duarte Arruda).
Um trabalho sobre a imagem deve se constituir como uma eidética da imagem, isto é, fixar e descrever a essência dessa estrutura psicológica tal como aparece à intuição reflexiva (Sartre, 1978, p.99).
“(...) A própria concepção de intencionalidade está destinada a renovar a noção de imagem, isto porque sendo ato da consciência ela vai pertencer ao conjunto de elementos reais da síntese consciência, que ele chama noese, e o seu correlativo que é o sentido que habita essa consciência que é o noema. Mas esse sentido noemático que pertence a cada consciência real, não é em si mesmo nada de real. O que existe é a possibilidade de se dirigir o olhar para um objeto, mas o que encontra o olhar nessa última direção, é na verdade um objeto no sentido lógico, mas um objeto que não poderia existir por si. Assim o noema é um nada que só tem uma existência ideal para a consciência, é um irreal. Para Sartre, então, tudo se explica pela intencionalidade, isto é, pelo ato noético.” (Arruda)
“Portanto, não há diferença de natureza qualitativa entre o objeto da percepção e o objeto da imaginação como tal, mas sim ambos são noemas de uma consciência noética plena. A imagem então é um certo tipo de consciência. A imagem é consciência de alguma coisa.”
“Resta fazer a descrição fenomenológica da estrutura dessa imagem, isto é, como ela se dá. Ou seja, o método fenomenológico visa, através dessa descrição do imaginário, a compreender o imaginário nele mesmo. O intuito de Sartre é determinar o que é a imagem como imagem, a imagem nela mesma. Temos que distinguir o que é o objeto que aparece, no exemplo do texto de Sartre — Pedro que eu imagino — daquilo que seria a imagem nela mesma; que não se confunde com o Pedro que eu estou imaginando. Qual o seu conteúdo, qual a sua essência: que será alcançada pela descrição da imagem”. (Arruda) (...)
“ (...) Não é no mundo do imaginário que se dá a liberdade. Ela se dá na dinâmica da ação e pressupõe o deslocamento do objeto irreal para o plano da ação possível. A imaginação é o poder, é o meio pelo qual a ação se efetuará. O futuro da ação é o reino da liberdade para Sartre, quer dizer, é no reino do poder-vir-a-ser que a liberdade se coloca como ação possível, e não no reino do imaginário que é não-ser; este não-ser é que o torna condição de possibilidade de vir-a-ser. Existe, então, toda uma questão dinâmica embutida na dimensão do imaginário que o pensamento contemporâneo deve recuperar, para que possamos entender e articular melhor o período de crise pela qual nós estamos passando e, sobretudo, termos condições de nos instrumentalizar em face ao problema específico da educação.” (Arruda)
Jean Paul Sartre era um existencialista e o cerne do existencialismo é a liberdade, assim, cada indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Embora, Sartre baseie-se em pensamento alemão Husserl, sua “ética” é francesa (1789) ele valoriza o compromisso.
Deste modo, importa o interesse pela política: Segundo Sartre, “somos responsáveis por nós mesmos e por aquilo que nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos é nossa obra. Como o pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência individual, na qual a angústia tem um papel preponderante”.
Inspirado pela fenomenologia de Husserl, “para Sartre a imaginação, faculdade criativa do pensamento pela qual este produz representações (imagens) esta representações mentais que retrata um objeto externo percebido pelos sentidos, de objetos inexistentes, não tendo, portanto, função cognitiva”.
“Sartre considera o imaginário ou o “ato de imaginar” como a capacidade que tem a consciência de notificar o real, de desligar-se da plenitude do dado ...” (Silva).

Referências
ARRUDA, Francimar Duarte Questão do Imaginário: a contribuição de Sartre UFF
SILVA, Delzy Imaginação: Uma Maneira Reflexiva da Natureza Humana. TCC da Faculdade do Médio Parnaíba – FAMEP, Caxias – MA.

1 comment:

Jéssica MAS said...

Estou lendo o livro Imaginação, uma versão de bolso, estudo cinema e ainda não consegui relacionar nem encontrar artigos que o façam, você conhece algum?