“A elucidação do significado da
imaginação se faz através do questionamento de como se produz imagem. Sartre,
após uma rigorosa crítica à visão clássica1 da concepção de imagem, entende que
essa produção deve ser iniciada numa mudança básica de concepção: a imagem não é
uma coisa, não é exterioridade, muito pelo contrário, ela é consciência, é ato
intencional da consciência.” (Francimar Duarte Arruda).
Um trabalho sobre a imagem deve se
constituir como uma eidética da imagem, isto é, fixar e descrever a essência dessa
estrutura psicológica tal como aparece à intuição reflexiva (Sartre, 1978, p.99).
“(...) A própria concepção de
intencionalidade está destinada a renovar a noção de imagem, isto porque sendo
ato da consciência ela vai pertencer ao conjunto de elementos reais da síntese
consciência, que ele chama noese, e o seu correlativo que é o sentido
que habita essa consciência que é o noema. Mas esse sentido noemático que
pertence a cada consciência real, não é em si mesmo nada de real. O que existe
é a possibilidade de se dirigir o olhar para um objeto, mas o que encontra o
olhar nessa última direção, é na verdade um objeto no sentido lógico, mas um
objeto que não poderia existir por si. Assim o noema é um nada que só tem uma existência
ideal para a consciência, é um irreal. Para Sartre, então, tudo se explica pela
intencionalidade, isto é, pelo ato noético.” (Arruda)
“Portanto, não há diferença de
natureza qualitativa entre o objeto da percepção e o objeto da imaginação como
tal, mas sim ambos são noemas de uma consciência noética plena. A imagem então
é um certo tipo de consciência. A imagem é consciência de alguma coisa.”
“Resta fazer a descrição
fenomenológica da estrutura dessa imagem, isto é, como ela se dá. Ou seja, o
método fenomenológico visa, através dessa descrição do imaginário, a
compreender o imaginário nele mesmo. O intuito de Sartre é determinar o que é a
imagem como imagem, a imagem nela mesma. Temos que distinguir o que é o objeto
que aparece, no exemplo do texto de Sartre — Pedro que eu imagino — daquilo que
seria a imagem nela mesma; que não se confunde com o Pedro que eu estou imaginando.
Qual o seu conteúdo, qual a sua essência: que será alcançada pela descrição da
imagem”. (Arruda) (...)
“ (...) Não é no mundo do imaginário
que se dá a liberdade. Ela se dá na dinâmica da ação e pressupõe o deslocamento
do objeto irreal para o plano da ação possível. A imaginação é o poder, é o meio
pelo qual a ação se efetuará. O futuro da ação é o reino da liberdade
para Sartre, quer dizer, é no reino do poder-vir-a-ser que a liberdade
se coloca como ação possível, e não no reino do imaginário que é não-ser; este
não-ser é que o torna condição de possibilidade de vir-a-ser. Existe, então,
toda uma questão dinâmica embutida na dimensão do imaginário que o pensamento contemporâneo
deve recuperar, para que possamos entender e articular melhor o período de
crise pela qual nós estamos passando e, sobretudo, termos condições de nos
instrumentalizar em face ao problema específico da educação.” (Arruda)
Jean Paul Sartre era um
existencialista e o cerne do existencialismo é a liberdade, assim, cada
indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Embora, Sartre baseie-se em
pensamento alemão Husserl, sua “ética” é francesa (1789) ele valoriza o compromisso.
Deste modo, importa o interesse pela
política: Segundo Sartre, “somos responsáveis por nós mesmos e por aquilo que
nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos é nossa obra. Como o
pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência individual,
na qual a angústia tem um papel preponderante”.
Inspirado pela fenomenologia de
Husserl, “para Sartre a imaginação, faculdade criativa do pensamento pela qual este
produz representações (imagens) esta representações mentais que retrata um
objeto externo percebido pelos sentidos, de objetos inexistentes, não tendo,
portanto, função cognitiva”.
“Sartre considera o imaginário ou o
“ato de imaginar” como a capacidade que tem a consciência de notificar o real,
de desligar-se da plenitude do dado ...” (Silva).
Referências
ARRUDA, Francimar Duarte Questão do
Imaginário: a contribuição de Sartre UFF
SILVA, Delzy
Imaginação: Uma Maneira Reflexiva da Natureza Humana. TCC da Faculdade do Médio Parnaíba –
FAMEP, Caxias – MA.
1 comment:
Estou lendo o livro Imaginação, uma versão de bolso, estudo cinema e ainda não consegui relacionar nem encontrar artigos que o façam, você conhece algum?
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