Vilemflusser
Congresso Internacional “Imagem, imaginação, fantasia” Vilem Flusser em Ouro Preto- 18 a 21 de outubro
promovido por:
Mestrado em Estética e Filosofia da Arte do IFAC-UFOP/ Linha de pesquisa “Estética e Filosofia da Arte” do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da FAFICH-UFMG/ Associação Brasileira de Estética – ABRE
Inscrições para a apresentação de comunicações: os resumos dos trabalhos, de cerca de 300 palavras, rigorosamente dentro do temário proposto, deverão ser enviados à Comissão Organizadora até 15/05/2011, sendo que até 10/06/2011 será publicado o resultado sobre a sua aceitação ou não para a apresentação no Congresso na página do evento na Internet
Wednesday, March 16, 2011
Saturday, March 05, 2011
Wednesday, March 02, 2011
Arquitetura: ação, interação e interatividade
O Dicionário Digital Aurélio enuncia que interação é um substantivo que advém de [inter + ação.]. Designa ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca; (...). Como o radical ação se destaca no termo, vamos abordá-lo primeiro. O verbete ação no dicionário Metápolis, escrito por Manuel Gausa, relaciona ação à arquitetura e assinala que ação é o efeito de expressar, operar, executar e fazer. Requer energia, decisão e capacidade. Quer dizer, disposição. Segundo Manuel Gausa:
“Interessa hoje uma “arquitetura-ação”, definida desde uma vontade “atuante”, de (inter)atuar. Quer dizer, de ativar, de gerar, de produzir, de expressar, de mover, de intercambiar e de relacionar. De agitar acontecimentos, espaços e conceitos e inércias, propiciando interações entre as coisas mas que intervenções nelas mesmas. Movimentos mais que posições. Ações, pois, mais que figurações. Processos mais do que sucessos.”
A ação é apontada por Manuel Gausa como o meio de entender o espaço construído como realidade e o melhor modo de afetá-la. É a possibilidade de materialização direta. Implica na “desmesura” do corpo trabalhando e correndo entre coisas, nos edifícios e na paisagem. Isso distingue, além disso, a qualidade pré-espacial das arquiteturas. Gausa ainda discute as posturas da ação (operação) e da contemplação. Esta definida como uma atitude reflexiva (que se mantém a distância de seu objeto). Afirma que o mundo contemporâneo é decididamente midiático e interativo. “A interação abarca tudo, desde as sensações aos objetos”.
No dicionário Metápolis, o verbete interação também é escrito por Manuel Gausa. “interação é (inter)câmbio e (inter)relação. Informação transmitida, transferida e transformada entre energias, acontecimentos e/ou cenários diversos e simultâneos”.
Vicente Guallard diz sobre interatividade. “Se os objetos pensam, reagem e atuam, além de suas qualidades materiais, os espaços e os lugares devem [responder] relacionar-se com eles. Os objetos pensam porque alguém pensou neles. Programou-os e lhes atribuiu qualidades para que se integrem em uma nova lógica do mundo em que tudo está conectado com tudo”.
Para Guallard o meio atmosférico-climático tradicional será superposto pelo meio digital. E isso deve abalar profundamente as relações espaço-temporais planetárias. Segundo ele será insuflada inteligência aos edifícios, aos espaços públicos, as cidades, mediante códigos precisos que proporcionem a relação entre os espaços, os objetos e as pessoas, e ainda possibilitem o conhecimento mútuo entre eles assim como suas diferenças.
Há um excerto (publicado em 1967) do músico John Cage que contém um bom insight sobre a interação entre pessoas, coisas e outros seres, e indica uma possível conseqüência acerca da possibilidade da mudança da mente.
“Ele era um físico e um compositor-de-computador nas horas vagas. Por que era tão estúpido? Porque era de opinião que a única coisa que pode engajar o intelecto era a medição entre as coisas? Quando alertado para o fato de que sua mente podia mudar, sua resposta foi “Como? Por que?”
“o conflito não estará entre pessoas e pessoas mas entre pessoas e coisas. Neste conflito vamos tentar regular as coisas de forma que o resultado, como em filosofia nunca seja decisivo. Trate os pinheiros, por exemplo, como entidades que têm ao menos uma chance de vencer”.
Para que isso aconteça é preciso a mudança paradigmática da ciência, para um viés mais compreensivo do que analítico. Compreender inverte a abordagem positivista, pois em vez de analisar, dissecar e apartar, acolhe metodologicamente os verbos abarcar e abranger.
Porém, o que pode dar a verdadeira chance aos pinheiros sugerida por Cage, advém de uma mudança no estatuto do tratamento da natureza pela ciência ou pela economia “determinista” antropocêntrica. Isso adverte que concepção de um homem fechado em si, numa situação que aparta natureza e cultura”deverá ceder lugar a integração do homem na natureza levando à abolição do “antropocentrismo”.
Por outro lado, as novas tecnologias da informação e da comunicação consolidam novas atividades imateriais. As NTIC impõem uma radical transformação das formas de produção e consumo (que se torna produtivo) num mundo cada vez mais desenhado por um “emaranhado de redes e redes”. As novas tecnologias jogam com a interação entre as possibilidades oferecidas pelo sistema e a integração criativa do usuário.
A base operacional do sistema (o hardware e o software) complementa-se e interage produtivamente com a netware e o wetware (uso, consumo). Neste processo de produção e circulação de informação e de produtos, as referências tradicionais materiais do valor se perdem e a ênfase na cognição cresce. O saber se manifesta como força produtiva nas economias contemporâneas. As redes provocam novas formas de cooperação entre sujeitos, atualizando a virtualidade produtiva constituída pela sociedade (COCCO & SILVA & GALVÃO, 2003).
Pierre Lévy observa que com a tecnologia digital verifica-se a ampliação da consciência. O pensamento deixa de ser uma experiência predominantemente interna, e passa a interagir com o sistema operacional dos computadores e com as redes. Por isso, multiplicam-se as redes de relacionamento entre pessoas. As novas tecnologias da informação e da comunicação multiplicam também as possibilidades oferecidas pelo sistema para a integração criativa do usuário (LÉVY, 1993). Com as novas possibilidades da informática, o pensamento assume a condição de mapeamento, que ajuda a simplificar (sintetizar) a realidade, a diagramá-la e modelá-la.
A publicação Verb Connection discorre sobre a condição mutante da cidade, da arquitetura e do urbanismo. A geração de atividade, que vincula fisicamente programas, pessoas e usos. Então serão colocados como exemplos sobre projetos de conexão, interação e comunicação:
· OMA_ Biblioteca pública de Seattle, 2004.
· A biblioteca pública de Seattle é uma afirmação potente sobre seu papel fundamental como o primeiro, e talvez único, edifício autenticamente público. Desde sua inauguração em maio de 2004, tem causado um grande impacto na cidade e seus arredores, como catalizador urbano que ativa e redefine seu contexto no centro da cidade, e como protótipo arquitetônico cujas inovações estruturais e programáticas oferecem novas possibilidades para criar um espaço público. OMA + LMN.
· SHINOBU HASHIMOTO, RIENTS DIJSKTRA_ Chip City , 2000.
· Propõe imaginar uma cidade sem placas publicitárias, semáforos, anúncios ou barreiras arquitetônicas. Com um sistema GPS aderido ao corpo, navegamos pela cidade livremente, de uma maneira fácil e eficiente. Mediante a tecnologia de posicionamento global (PosTec), o sistema GPS se integra à qualquer atividade humana, e se converte no catalizador que desencadeia a transformação do entorno urbano.
· MICHELLE PROVOOST, WOUTER WANSTIPHOUT_ WiMBY! , Hoogvliet – Rotterdam, 2004.
· A antiga cidade de Hoogvliet experimenta, nos últimos trinta anos, a decadência e abandono de seus habitantes. Para revitalizá-la, é proposto o WiMBY!, sigla para Welcome to my backyard ( “Bem-vindo ao meu quintal”), uma construção de caráter expositivo e internacional. São estudadas questões características da população, e pensadas alternativas coletivas que integrem os habitantes da cidade. Para propor os módulos parasitas, a equipe estudou o programa das escolas, suas tipologias, e percebeu uma deficiência em espaço físico para salas de música e dança, refeitórios, lugares para em horários extracurriculares, entre outros. A solução foram módulos de baixo valor - os parasitas - externos aos prédios escolares já existentes, com plantas multiuso, em sintonia com as questões existentes levantadas pela população.
Referências:
CAGE, John. De Segunda a um Ano. São Paulo: HUCITEC, 1985
CAGE, John. De Segunda a um Ano. São Paulo: HUCITEC, 1985
COCCO, Giusepe et all (orgs). Capitalismo Cognitivo, trabalho, redes e inovação. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.
GAUSA, Manuel, GUALLART, Vicente & MÜLLER, Willy et al. (orgs.). Diccionario Metápolis de arquitectura avanzada. Ciudad y tecnologia en la sociedad de la información. Barcelona: Actar, 2000.
GAUSA, Manuel, GUALLART, Vicente & MÜLLER, Willy. Barcelona Metápolis. Festival de idéias para la futura multiciudad. Barcelona: Actar, 1998.
LÉVY, PIERRE. As Tecnologias da Inteligência - O Futuro do Pensamento na Era da Informática. São Paulo: Editora 34, 1993.
LÉVY. Pierre. A Inteligência Coletiva. São Paulo: Loyola, 20003.
Verb Connection, Actar, Barcelona, 2004. ( Terceiro volume da série Boogazine Architecture da Editora Actar)
Estética e Arquitetura 2011
Os tópicos abaixo apresentam o conteúdo programático referencial previsto para disciplina de Estética e Arquitetura do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufes neste semetre letivo - 2011/01:
1. Temática interação no espaço:
1,2. O sentido do espaço no movimento moderno e depois (o problema da dobra)
1.3. Espaço, lugar e território
1.4. Linhagens/identidades:a tribo,o clã, a família e o indivíduo (?), cultura
2. Walkscape: andar como prática estética
2.1. Errare humanum est: O nômade e sedentário
2.2. A casa de adão no paraíso
2.3. Estesias: contemplação, fruição, intervenção
2.4. Estesia e Cartografia
3. Corpo, Memória e imaginação
3.1. Conceitos e implicações no projeto, no planejamento, na construção, na fruição
3.2. Arquitetura: tipos de conhecimento – teórico, prático e técnico; tipos de fazer – desenho/ design, escrita, construção; meios de construção/significado ‑ conceitual e material
3.3. Personae públicas: o historiador, o filósofo, o arquiteto, o poeta e o louco
4. Espaço social ↔espaço diferencial
4.1. Viver sob o domus, a esfera privada: a poética do espaço
4.2. Da Esfera pública, Espaço social, Espaço vivido
4.3. Personae públicas: a sociedade, classes sociais, a família, o indivíduo, o burguês, o operário o artista, o intelectual, o homem-tipo, o consumidor
4.4. Espaço vivido e cartografia
5 Projeto clássico, Anticlássico e Modernidade (abordagem transversal)
5,1. Sistema x método, arquitetura da expressão: abordagens Argan, Wolfflin e Deleuze
5.2. Figuras cartesianas: extensão, divisibilidade, o esquadrinhamento
5.2. Teorias da arte: empatia e formalismo
5.3. A reprodutibilidade técnica, as tecnologias da informação e da comunicação
5.4. Personae públicas: o dandi, o surrealista, apocalípticos e integrados, a sociedade de massas
6. Agenda Contemporânea (abordagem transversal)
6.1. Cronologia de teorias e problemas da arquitetura)
6.2. O mundo globalizado; implicações para cidades e ‘ambiente natural’
6.3. Personae públicas: a multidão, o indivíduo, “comunidade”, o telespectador, as novas tribos,
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